O SEO morreu: preciso ser honesto sobre essa narrativa

O SEO morreu: preciso ser honesto sobre essa narrativa

08 / 06 / 2025
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Olá, colega do Marketing Digital.

Se você está no mundo do marketing digital, é provável que, assim como eu, você tenha sido impactado por uma manchete recorrente: “O SEO está morto!”.

Eu leio isso toda semana. Vejo em vídeos, leio em artigos, escuto em podcasts. Confesso que, se tivesse ouvido isso no início da minha carreira, lá por 2009, essa frase me causaria um calafrio. Hoje, ela me causa algo entre a indignação e o cansaço.

Depois de mais de uma década liderando projetos de SEO que geraram milhões em receita para clientes B2B, depois de passar por cadeiras de CMO em indústrias diversas, lecionar em universidades e até mesmo comandar um microfone de rádio, eu desenvolvi uma casca grossa e, principalmente, uma perspectiva mais ampla sobre comunicação e estratégia. E é com essa bagagem que eu digo, de forma inequívoca, para você que também se sente incomodado: essa narrativa está fundamentalmente errada.

Este artigo não é para iniciantes. É uma conversa franca, de profissional para profissional. Um alinhamento de raciocínio para aqueles que, como eu, estão no campo de batalha e sabem que o jogo não acabou. Ele apenas subiu de nível.

O erro lógico que insistem em cometer

Vamos começar pelo básico, pela lógica pura. SEO significa Search Engine Optimization. Otimização para Mecanismos de Busca. A existência da disciplina depende da existência do objeto a ser otimizado. Certo?

Enquanto houver uma barra de busca – seja no Google, no Bing, no YouTube, ou em uma nova interface de IA – onde um ser humano digita, fala ou pensa uma necessidade, haverá a necessidade de uma marca, produto ou serviço se posicionar da melhor forma possível para ser a resposta.

Acabar com o SEO exigiria o fim dos buscadores. Alguém em sã consciência acredita que as pessoas deixarão de “perguntar” coisas à internet? A verdade é o oposto: cada vez mais, a busca se integra ao nosso dia a dia. Portanto, a premissa da “morte” do SEO não é apenas falha, é ilógica.

Nós já vimos este filme antes (e o final é sempre o mesmo)

Como profissional que está na estrada há um bom tempo, eu tenho uma sensação de déjà vu. A “morte” do SEO foi decretada inúmeras vezes.

  • O SEO “morreu” com o Google Panda, que dizimou sites de conteúdo fraco e fazendas de artigos. O que morreu ali não foi o SEO, foi a produção de lixo digital em escala. O SEO de qualidade se fortaleceu.
  • O SEO “morreu” com o Google Penguin, que penalizou as estratégias de link building manipuladoras. O que morreu não foi o SEO, foi a tentativa de forjar autoridade. O SEO focado em relacionamento e reputação real (assessoria de imprensa digital, por exemplo) se tornou rei.
  • O SEO “morreu” com o Hummingbird e o RankBrain, que passaram a interpretar a intenção por trás da busca, e não apenas as palavras-chave. O que morreu não foi o SEO, foi a obsessão mecânica por keywords. O SEO estratégico, focado em responder à jornada do consumidor, assumiu o protagonismo.

A cada uma dessas “mortes”, o que de fato aconteceu foi uma limpeza de mercado. As táticas preguiçosas e os atalhos foram eliminados, forçando os verdadeiros profissionais a se aprofundarem em qualidade, estratégia e experiência do usuário.

O Elefante na sala: A Inteligência Artificial e a “Morte Definitiva”

Agora, o novo arauto do apocalipse é a IA Generativa, os AI Overviews (SGE). E eu admito: a mudança é sísmica. A página de resultados está mudando drasticamente. O “medo do clique zero” é real.

Mas vamos pensar como estrategistas, não como espectadores apavorados. De onde a IA do Google tira suas respostas? Ela não inventa conhecimento. Ela sintetiza as informações que considera mais confiáveis e completas da web.

Ela é um curador ultra-avançado que lê as melhores fontes e apresenta um resumo. Agora, eu te pergunto: como se tornar uma dessas “melhores fontes”?

A resposta é: com SEO de altíssimo nível.

Para que a IA sequer considere seu conteúdo, ele primeiro precisa ser:

  1. Encontrado e compreendido: Isso requer um SEO técnico impecável. Rastreabilidade, indexabilidade, velocidade, segurança. O básico que nunca deixou de ser essencial.
  2. Considerado Relevante: Isso requer uma profunda compreensão da intenção de busca e a criação de conteúdo que não apenas responde a uma pergunta, mas esgota o assunto.
  3. Visto como Autoritário e Confiável: Isso é E-E-A-T (Experience, Expertise, Authoritativeness, Trustworthiness) na sua forma mais pura. Quem escreveu isso? Qual a experiência dessa pessoa/marca no assunto? Outras fontes confiáveis citam este site?

Longe de matar o SEO, a IA o torna mais crucial. Ela simplesmente eleva a régua a um patamar onde apenas o conteúdo excepcional, com autoridade comprovada, terá o privilégio de ser a fonte da verdade. O trabalho do profissional de SEO deixa de ser apenas “ranquear uma página” e passa a ser “construir a autoridade da marca a ponto de ela ser a referência do Google”.

O manifesto do SEO moderno: O que fazer agora?

Então, se você, como eu, se recusa a aceitar a narrativa da morte, para onde direcionamos nossa energia?

  1. Foco em E-E-A-T: Não é mais um conceito, é o jogo todo. Invista em páginas de autor, traga especialistas para escrever ou validar seu conteúdo, conduza pesquisas originais, exiba seus cases e prêmios. Prove sua experiência e autoridade em cada peça de conteúdo. Como ex-CMO, sei que isso se chama branding. Agora, SEO e branding são inseparáveis.
  2. Construa Tópicos, Não Apenas Palavras-chave: Pense como um professor universitário montando a ementa de uma disciplina. Seu site precisa cobrir um tópico de forma holística, com conteúdo pilar e conteúdos satélite que se interligam, mostrando ao Google que você domina aquele universo semântico.
  3. SEO Técnico como Alicerce: Com a IA lendo tudo, a clareza da informação é fundamental. Invista pesado em dados estruturados (Schema Markup). Fale a “língua dos robôs” para que eles entendam perfeitamente seu conteúdo, seus produtos, seus serviços e sua empresa.
  4. Pense na Experiência “On-SERP”: A batalha pela atenção agora começa na própria página de resultados. O objetivo não é só o clique. É ter um título irresistível, uma meta-descrição que gere impacto, aparecer em rich snippets, em “As pessoas também perguntam” e, claro, ser a fonte de um AI Overview. Isso é otimização para a página de resultados, não apenas para o seu site.

Para concluir: Uma mensagem aos meus pares

A narrativa da “morte do SEO” é atraente porque ela simplifica uma realidade complexa e oferece uma desculpa para quem não quer se adaptar.

Mas nós, que estamos há anos construindo estratégias, entendemos a verdade: o SEO não está morrendo, está se purificando. Ele está finalmente se tornando o que sempre deveria ter sido: uma disciplina estratégica de alto nível, intrinsecamente ligada à comunicação, ao branding e à geração de valor real para o usuário.

Este é o melhor momento para ser um verdadeiro profissional de SEO. É o momento que separa os estrategistas dos táticos, os construtores de autoridade dos caçadores de brechas.

Vamos deixar a histeria para os criadores de conteúdo raso. Nosso trabalho é construir o futuro da busca. E ele está mais vivo do que nunca.

Um abraço

Guto Arruda

Especialista em SEO para o B2B
Levando Empresas à Relevância Online
Sócio na Orlen Digital

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